O Gato leu: A Revolução dos Bichos

A Revolução dos Bichos – George Orwell
Editora: Companhia das Letras
Ano: 2007
Páginas: 152
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De todos os livros que tenho lido nestas últimas semanas este, sem dúvida, foi o que mais me pegou.

A simplicidade da fábula de Orwell escrita há tantos anos cabe como uma reflexão para o nosso presente. Ela fala sobre o poder e clama pela tomada de consciência do povo.

Na trama, os animais da Granja do Solar cansaram de viver do mesmo jeito, submetidos e explorados pelos seres humanos. Muito trabalho e pouca comida ou descanso os deixou no limite. Certa noite, o velho Major, um porco muito respeitado na granja contou a todos sobre seu sonho e sobre o desejo de ver os animais vivendo mais felizes e confortáveis, donos de si, trabalhando em harmonia e cuidando uns dos outros sem a interferência humana.

Por que, então, permanecemos nessa miséria? Porque quase todo o produto do nosso esforço nos é roubado pelos seres humanos. (Pág. 12)

As palavras de Major entraram pelos ouvidos de todos os animais da granja e se alojaram em seus corações, até o dia em que eles se se rebelaram contra seus donos e tomaram posse da fazenda. A Granja do Solar agora era a Granja dos Bichos. Era algo totalmente inédito e, por conta disso, muito ainda tinha que se discutir e organizar.

Nunca tinham visto os animais daquele jeito, e a súbita revolta das criaturas que eles estavam acostumados a surrar e maltratar à vontade os encheu de pavor. (Pág. 21)

Os porcos são os animais mais inteligentes da fazenda e tomam a frente na organização da nova vida. Porém, as diferenças do tipo de atuação de Bola-de-NeveNapoleão marcam o processo, tendo o seu ápice no dia da votação do moinho de vento. Esta ocasião mostra como será gerida a granja daí por diante e como será a participação de cada animal nisso.

Os animais ouviam Napoleão, depois Bola-de-Neve, e não chegavam a conclusão nenhuma sobre quem tinha razão; na verdade, estavam sempre de acordo com quem falava no momento. (Pág. 46)

Reflexão para as novas revoluções

A Revolução dos Bichos é um livro muito fácil de se ler, simples e com metáforas muito bem construídas. Atento, Orwell escreveu sua história durante a Segunda Guerra Mundial como uma sátira a ditadura stalinista soviética, buscando a renovação do movimento através de uma crítica. Com a Guerra Fria, a obra foi usada como uma arma contra o comunismo.

De certa maneira, era como se a granja tivesse ficado rica sem que nenhum animal houvesse enriquecido. (Pág. 102)

Mesmo com toda essa importância histórica, o livro foi rejeitado por várias editoras. Em um dos apêndices da edição publicada pela Companhia das Letras há um prefácio de George Orwell sobre a importância da liberdade de imprensa e sobre o risco da autocensura por parte dos intelectuais.

Neste país, a covardia intelectual é o pior inimigo que um escritor ou jornalista precisa enfrentar, e esse fato não me parece estar sendo tão discutido quanto merecia. (Pág.127)

Em seu retrato cruel da humanidade, não se pode deixar de mencionar a minúcia como é feita a sua abordagem usando os animais. Ao olhar para estes outros seres nos vemos refletidos, como que num espelho. As fake news, a disputa de egos, o controle social e a necessidade de maior participação na vida politica estão tão evidentes na obra e em nosso país.

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