O Gato leu: A Cruzada Mascarada

A Cruzada Mascarada: Batman e o Nascimento da Cultura Nerd – Glen Weldon
Editora: Pixel Media
Ano: 2018
Páginas: 348
Compre: Amazon

Eu adoro livros que abordam a cultura pop como o fenômeno cultual que ela é. Amei demais Tudo sobre The Walking Dead e a Pixel Media acertou de novo ao trazer um livro no mesmo estilo focado no Cavaleiro das Trevas.

O livro narra os altos e baixos de um dos super-heróis mais amados do mundo, que saiu dos quadrinhos e agora passeia também pelo cinema, TV, objetos e games. A partir do Batman, Glen Weldon explica o que o nosso fandom diz sobre nós.

O livro da Pixel retrata o surgimento do homem-morcego e os diversos conceitos que o personagem assumiu ao longo de sua existência, desde o seu surgimento como plágio de O Sombra, passando pelos heróis de Adam West, Denny O´Neil e Neal Adams, e Joel Schumacher, chegando ao Batman atual de Christopher Nolan.

Com um olhar critico e a língua afiada, o autor observa o que no personagem nos fascina. Além disso, há a própria capacidade de adaptação que o Morcego tem, fazendo com que mesmo diante das oscilações referentes à público e mercado ele se mantivesse vivo. Mesmo o Batman de Adam West, do seriado de TV e odiado por tantos, tem seu valor. São diferentes pontos de vista a partir de um único referente e isso deve ser levado em conta. O que Weldon diz, basicamente, é “há Batman para todos os gostos e públicos. Pegue um (ou vários) e aproveite!”.

… eu amo o seriado por conta do que ele representa, ao que ele se opõe: a simples existência do Batman de Adan West opõe-se, de maneira alheia, mas efetiva, à ideia de que o único Batman válido é o Batman ‘poderoso’, sinistro e violento. (Pág. 13)

Pontos como a origem e as muitas versões do personagem são abordados. Questões como a relação com o Robin e a aversão que muitos “fãs” sentiram a proximidade dos personagens só mostram que as histórias em quadrinhos despertam sentimentos e debates. Garotos gays também buscam se ver e se identificar em algum personagem. O Batman é um siímbolo e, para muitos, ele dá forças para enfrentar as adversidades da vida real, nem sempre tão palpáveis quanto os bandidos no Beco do Crime.

Para ele, os aliados viriam a ser aquilo que ele desejava com mais ardor: a família que lhe fora roubada quando criança. (Pág. 39)

Bob Kane, os mitos em torno do personagem e do seu dito criador são explorados, mas algo que me chamou muito a atenção foi a observação do público nerd feita por Glen. Grandes mudanças ocorreram, a ascensão e queda das lojas de quadrinhos e o acesso a internet foram algumas das mais marcantes pra tirar essas pessoas das sombras. Fãs de décadas foram inseridos dentro do debate com outras que haviam conhecido o personagem recentemente.

Infelizmente, a falta de trato social e uma obsessão possessiva pelo personagem descontinuam conversas e trazem à tona discursos agressivos e até com ameaças pessoais. É preciso ver, entender e respeitar que o Batman significa e sensibiliza cada pessoa de um jeito diferente e isso é incrível.

A cultura nerd muitas vezes é aberta e inclusiva, quando é abastecida pelo desejo de buscar outros que compartilhem de interesses e entusiasmos em comum. Mas o ardor nerd é forte e desatento; sua própria natureza tem a ver com obliterar a imparcialidade, a nuance, a ambiguidade e conduzir a experiencia humana a dois limites do extremo binário: O meu é melhor. O seu é pior.

E outra: se você não ama o meu o mesmo jeito, no mesmo grau e exatamente pelos mesmos motivos que eu, está tudo errado. (Pág. 212)

Além de um panorama completo da trajetória do personagem, o lançamento da Pixel nos traz esse apelo para estar aberto às múltiplas perspectivas para o personagem. Foi passando por poucas e boas que o Morcego perdurou por anos até hoje, se mantendo relevante e ativo em diversas aventuras e cenários da cultura.

Vale ressaltar que a edição está linda, com detalhes de morcego nas abas e páginas coloridas que ressaltam alguns dos principais momentos do personagem nos quadrinhos. O livro é uma valiosa leitura, que vale o tempo de qualquer interessado por quadrinhos e pela cultura dos quadrinhos.

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