O Gato leu: Quando eu parti

Quando eu parti – Gayle Forman
Editora: Record
Ano: 2016
Páginas: 308
Compre: Amazon

Às vezes eu tenho certeza quando dizer que são os livros que nos escolhem. Eu ganhei este de um amigo em kit que vinha uma ecobag + livro surpresa. Assim, nem ele sabia qual livro estava me dando.

Mas quando digo que ele que me escolheu foi pelo fato de trazer duas coisas que fazem parte da minha vida: a ausência por afastamento e o esgotamento associado ao trabalho.

Casada e mãe de gêmeos, a protagonista Maribeth tem uma vida diferente da minha, mas nos conectamos a partir das nossas frustrações.

Foto: Debb Cabral/GatoQueFlutua ©

Quando eu parti é o primeiro romance adulto, de Gayle Forman, autora de Se eu ficar, que ganhou adaptação para as telas de cinema. Na história, acompanhamos Maribeth, mãe de gêmeos superativos, casada com um marido omisso e sobrecarregada por um emprego em que tem a melhor amiga (da qual está distante) como chefa.

Ela está sempre tão ocupada que mal percebe um ataque cardíaco. O corpo dava sinais que eram constantemente ignorados, pois, a vida dela era dedicada aos outros. Maribeth vive a tornar a vida dos outros melhor, mais cômoda e mais feliz.

– Você se surpreenderia ao descobrir que uma das maiores fantasias femininas é uma estada prolongada no hospital?

– Isso é um absurdo.

– Não, se você pensar bem no assunto. A mulher exausta, multitarefa. Uma ida ao hospital e parece que está tirando férias definitivas. Uma chance de ser cuidada em vez que cuidar dos outros. E sem culpa, ainda por cima. (Pág. 66)

Uma cirurgia de coração aberto e duas pontes de safena depois, ela começa a questionar os rumos que sua vida tomou e faz o impensável: vai embora de casa. Longe das exigências do marido, filhos e carreira, e com a ajuda de novos amigos, finalmente é capaz de enfrentar o passado e os segredos que guarda até de si mesma.

Enquanto lia, não conseguia deixar de me afligir com a urgência da vida de Maribeth, suas responsabilidades e carga mental. Isso está muito associado ao machismo que vai acumulando o fardo na mulher.

Com o terreno sempre se mexendo, como poderia ter esperanças de recuperar o equilíbrio? (Pág. 210)

Ir embora pode parecer egoísmo, mas é necessário ser assim em certos momentos. Principalmente quando se dá muito aos outros sem ter a reciprocidade quando for a nossa hora. A jornada da protagonista é de cura, tanto física quanto emocional.

Maribeth não é uma heroína, ela é uma mulher real, uma mãe real. A questão da maternidade é um dos pontos de reflexão do livro que a aborda de maneira franca.

– Às vezes, abandonar alguém é a maior prova de amor que se pode dar. (Pág.268)

Maribeth é a mulher que se tornou forte porque a vida obrigou, mas que também precisa de proteção e de cuidados. Uma mulher forte frequentemente é a fachada que esconde uma mulher cansada. Somos humanas.

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