O Gato leu: Menino de Ouro

Menino de Ouro – Abigail Tarttelin
Editora: Globo Livros
Ano: 2013
Páginas: 384
Compre: Amazon

Sempre que leio livros Young Adult como esse, eu fico muito feliz em saber que a literatura juvenil contemporânea está atenta aos grandes temas.

Menino de Ouro é, sem dúvida, um livro extremamente sensível ao trazer a questão da intersexualidade, algo que não vejo sendo muito abordado. Essa ausência de diálogo sobre o tema faz com que muitos de nós, inclusive eu, não tenham grande conhecimento sobre o assunto, olhando para ele de forma rasa e, muitas vezes, defasada.

Preciso avisar que esse é um livro muito dolorido de ler. Fica logo aqui o alerta de gatilho de violência sexual além, é claro, do peso de toda a questão psicológica do que é transversal ao abuso.

Foto: Debb Cabral/GatoQueFlutua

Na história, Max Walker é o garoto perfeito. É bonito, estudioso, filho de uma família respeitada, capitão do time de futebol, bom aluno e boa pessoa.

Mas Max tem um segredo, algo que ninguém sabe além de sua família. Ele é intersexual: nasceu com os dois conjuntos de cromossomos, XX e XY e, portanto, é menino e menina. Ou nenhum dos dois. 

Eu só queria poder contar para todo mundo. Eu queria ser normal ou, se não fosse normal, que pelo menos fosse aceito. Queria não ter que esconder todos esses pensamentos. Queria não precisar ficar sozinho com eles, eu queria não me preocupar que eu vá ficar sozinho para sempre. (Pág. 288)

Max equilibra tudo tentando ser feliz e deixar todos à sua volta felizes também. Ele parece à vontade com sua vida. Mas isso muda quando abusam da sua confiança da pior maneira e da mais violenta possível.

Ele passa a ter, então, um novo segredo. Tão dolorido, vergonhoso e humilhante que não consegue compartilhar com ninguém, nem mesmo com sua família. Neste novo cenário, Max começa a pensar nas suas relações e naquilo que o atrai. Sua identidade de gênero e aquilo que é considerado “normal” passam a ser assuntos de reflexões constantes. 

Nunca quis ser visto e julgado apenas por estar entre uma coisa e outra. Mas é o que sou agora, simplesmente. Um produto do meu corpo, o que o meu corpo faz e para o que foi feito. (Pág. 298)

Menino de Ouro segue alternando os capítulos nas perspectivas do olhar de cada personagem na história. Isso nos dá um panorama muito mais amplo sobre a situação. Acompanhamos Max, mas conseguimos ter a noção do que se passa na cabeça de cada membro da sua família e amigos.

Se não o escutarmos, se lhe tirarmos o direito a suas próprias escolhas, ao seu próprio corpo, então ele deixa de ser uma criatura autônoma e se torna um objeto. Ele para de tomar decisões por si mesmo, ele se esquece de como se defender, e coisas assim acontecem. (Pág. 364)

Eu aprendi muito com o livro, a intersexualidade foi algo que vi só na Biologia, mas a aula nem chegou perto de abordar o quanto isso implica na vida do indivíduo em uma sociedade como a nossa.

Vale muito a pena conferir e seguir buscando informações sobre o tema!

 

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