Epílogo – Victor Allenspach
Editora: Independente
Ano: 2019
Páginas: 330
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No final de 2019, eu recebi um email do Victor Allenspach contando que tinha escrito uma nova história e perguntando se eu tinha interesse em ler. Depois de ter conhecido, A Procura de Vida Inteligente, Cemitério de Plástico e Feijoada de Bacalhau, é claro que eu tinha interesse.
Epílogo é uma distopia apocalíptica com elementos de cyberpunk e horror. É uma história de sobrevivência, mas que questiona o custo dela a todo o momento. Sobreviver é o que resta em uma narrativa sobre o que nos define humanos. Avançando as páginas, penso se a violência também nos define.
Acompanhamos a história a partir da perspectiva de Proto, este ser com um nome pouco humano, quase uma designação industrial.
Usamos sucata de robôs para substituir membros e órgãos. Um corpo virgem é uma coisa rara por aqui. (Pág. 12)
Com sua humanidade roubada, apenas a criatividade impede o fim da sua vida. É nela que encontra esperança para seguir, apesar dos limites do mundo violento em que despertou. Seguir ou fugir?
Ao mesmo tempo que questiona tudo o que vê, Proto também observa que os direitos sobre si, sobre o seu corpo e sobre suas decisões lhe foram tomados. Sua busca constante por respostas lhe traz retornos desagradáveis, bem como o ambiente em que desperta.
…, sua existência desprezada por alguém que não observa uma pessoa, mas uma coisa. (Pág. 59)
Musgos, ratos, doenças e umidade estão por todos os lados. É o pouco orgânico que consegue resistir em um mundo desolado. Quando o peso da atividade humana é demais, o mundo revida, e o golpe é forte demorado.
O novo escrito de Victor tornou-se o meu preferido. O mundo que ele construiu é absurdo e, ao mesmo tempo, tão possível. Não tem como não ler e não se colocar no lugar de Proto. O que você faria se acordasse em um lugar completamente desconhecido, sem memória e sem corpo?
Quando você nasce de novo, nasce mais forte. – sua voz a acalma. (Pág. 170)
Conforme Proto investiga, reviravoltas acontecem e eu realmente fiquei chocada com o que lia. A naturalidade da violência do mundo distópico faz um paralelo nada agradável com o nosso. Victor aborda temas delicados com responsabilidade, provocando no leitor reflexões dolorosas, mas necessárias.
Epílogo não é para estômagos sensíveis, até Proto percebe isso. Os cenários são incrivelmente visuais e a narrativa nos faz ler sem parar.
Vale muito a pena conferir!
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