Os homens explicam tudo para mim – Rebecca Solnit
Editora: Cultrix
Ano: 2017
Páginas: 208
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Leitura certa daquelas que estão iniciando os estudados sobre o feminismo, Os homens explicam tudo para mim traz linguagem simples e bem-humorada para ir direto na ferida.
O livro parte de uma experiência própria da autora, na qual a um homem passou uma festa inteira explicando para Rebecca sobre um livro que ela deveria ler, sem ao menos lhe dar a abertura para dizer a ele que ela era a autora da obra. Dessa ocasião, o termo mansplaining tomou força.
Com um tom de crônica, vamos passeando por histórias e dados trazidos pela autora que mostra como a confiança foi incentivada nos homens, enquanto o silêncio foi a regra para as mulheres.
Toda mulher sabe do que eu estou falando. São as ideias preconcebidas que tantas vezes dificultam as coisas para qualquer mulher em qualquer área; que impedem as mulheres de falar, e de serem ouvidas quando ousam falar; que esmagam as mulheres jovens e as reduzem ao silêncio, indicando, tal como ocorre com o assédio nas ruas, que esse mundo não pertence a elas (Pág. 15)
A misoginia silencia e também cria situações de violência. E a violência contra a mulher é uma forma de controle social.
Assim, a arrogância masculina e a insegurança feminina são características que vêm sendo reforçadas cultural e historicamente. É lógico oposto destas características também existe, mas não acredite na falsa simetria de poder.
A violência é uma maneira de silenciar as pessoas, de negar-lhes a voz e a credibilidade, de afirmar que o direito de alguém de controlar mais do que o direito delas de existir, de viver. (Pág. 17)
Faltas da autora
O livro é muito bom (a minha edição está cheia de marcações), mas, ainda assim, apresenta seus problemas. Rebecca chega até a mencionar “homens feministas”, este termo é muito problemático. O texto é de 2014. Seis anos fazem muita diferença para o aprendizado e desconstrução de qualquer um. Vou buscar ler os escritos mais recentes da autora.
Ainda assim, Rebecca nos traz uma boa leitura, mesmo nos seus meios de campo, ela já antevê perguntas e críticas ao feminismo que o leitor possa ter. Ela sempre traz dados e exemplos para facilitar o entendimento.
… a linguagem da liberdade de expressão é usada para proteger o discurso de ódio, que é em si uma tentativa de privar outras pessoas da sua liberdade de expressão e amedrontá-las até que calem a boca. (Pág. 161)
Desde a crítica aos que culpam a vítima e julgam que a prevenção deve ser uma tarefa desta e não da sociedade, até um olhar que percebe o peso que o capitalismo tem na perpetuação desta violência, tudo está presente em Os homens explicam tudo para mim.
Encontrar maneiras de apreciar os avanços já feitos, sem relaxar e cair na complacência, é uma tarefa delicada. Inclui ter esperança e motivação e manter o olhar fixo no prêmio à frente. (Pág. 183)
Vale a pena conferir!
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