Feminismo em Comum: para Todas, Todes e Todos – Marcia Tiburi
Editora: Rosa dos Tempos
Ano: 2018
Páginas: 126
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É engraçado como um livro tão pequeno consegue ser tão potente. Marcia Tiburi tem esse talento. Em sua fala sem rodeios a conversa é direta e a mensagem é forte.
Feminismo em Comum: para Todas, Todes e Todos é essencial para quem está começando a estudar ou se interessar pelo assunto. A autora retoma a raiz do movimento e lembra que o feminismo é a luta por direitos humanos e que toda a sociedade tem beneficio nisso.
Feminismo não é o machismo reverso. Feminismo é o movimento pelo respeito a todos os indivíduos encabeçado pelas mulheres, historicamente silenciadas e subjugadas por um sistema econômico e social que as enxerga apenas como reprodutoras da força de trabalho e seres de segunda classe.
[…] podemos defini-lo como o desejo por uma democracia radical voltada para a luta por direitos daqueles que padecem sob injustiças que foram armadas sistematicamente pelo patriarcado. (Pág. 12)
Tiburi nos convida a repensar justamente essas estruturas sociais, estabelecidas em cima de uma dinâmica de superioridade e assimetria, para assim entender a importância do feminismo na luta por igualdade. A chamada da autora é para que o feminismo deixe de ser a indignação de um grupo e se transforme em uma ação com impacto real em toda a sociedade.
Feminismo e papéis sociais
O livro é uma leitura acessível que eu gostaria de dar na mão de todas as adolescentes para que elas soubessem que a educação liberta e emancipa mulheres e isso promove transformações sociais. Ao não aceitar o papel que socialmente foi imposto ao nosso gênero, as mulheres entendem que podem traçar seus próprios caminhos e escolher viver com todo o seu potencial disponível.
Enquanto isso, as mulheres são convencidas, por meio de uma combinação pervesa entre violência e sedução, que a família e o amor valem mais do que tudo, quando, na verdade, o amor de devoção à família serve para amenizar a escravização, que, desmontada, faria bem a todos, menos àqueles que realmente preferem uma sociedade injusta porque se valem covardemente de seus privilégios. (Pág. 19)
A autora cita obras como Calibã e a Bruxa – mulheres, corpo e acumulação primitiva, que relaciona trabalho, mulheres e capitalismo. As questões racial e LGBTQ+ também estão presentes no debate, pois foi justamente ao compreender os diferentes níveis de opressão social e como eles se relacionam que o feminismo contemporâneo se fortaleceu mais ainda como um movimento que busca a igualdade e os direitos de todos.
Marcia Tiburi fala sobre escolher e entender o feminismo
Marcia traz varias reflexões e uma chamada à autocrítica. Devemos pensar: “O que é o feminismo para mim?” e “Por que eu o amo ou por que eu o rejeito?”. Parecem questões simples, mas elas têm diversas respostas.
Foi ao me colocar no lugar da minha mãe que me descobri feminista. Imaginei como seria a minha vida se tivesse vivido o que ela viveu e feito as escolhas que ela fez. Será que ela teve escolhas? Eu não sei. Sei que ela é feliz sendo mãe, mas antes disso ela é mulher. De que sonhos essa mulher abriu mão para seguir este caminho pré-estabelecido?
Foi ao olhar para ela que me compreendi melhor a mim mesma. Eu não quero abrir mão das minhas possibilidades. As escolhas da minha vida devem ser feitas por mim e não por um papel previamente traçado.
Meu feminismo me faz lembrar e reinterpretar essas pessoas. Respeitar a miséria de cada um. O feminismo se torna meu gênero neste momento, é um nome que dou à minha consciência politica e ao espirito do meu corpo. (Pág. 38)
Feminismo em Comum: para Todas, Todes e Todos é extremamente atual e Marcia usa como referência situações, eventos e notícias que foram muito repercutidas para nos fazer enxergar a necessidade do feminismo nos mais diversos contextos.
Vale muito a pena conferir.
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