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O Gato leu: A Lucidez da Lenda – GatoQueFlutua

O Gato leu: A Lucidez da Lenda

A Lucidez da Lenda: um ensaio sobre o futuro | Raul de Taunay
Editora: Pandorga
Ano: 2018
Páginas: 408
Compre: Amazon

Eu tenho tentando ler cada vez mais livros de autores nacionais. Quando vi a premissa de A Lucidez da Lenda não tive dúvidas e parti para a leitura.

No futuro, são as megacorporações que dominam o mundo. Poucos são os países que mantém a sua soberania de fato. O Brasil é um deles, apesar de ainda carregar consigo diversos problemas resultantes da sua história violenta de colonização, o país tenta receber o mínimo de interferência externa. É claro que, com a globalização, várias empresas estrangeiras operam no país, como a Federação das Corporações Unidas, a maior, mais rica, mais armada e mais poderosa associação de multinacionais e que domina a Ordem Mundial.

A atuação da Federação no Brasil é regida por acordos diplomáticos internacionais e está próspera e tranquila. Para Jack Stealler, o “Gorila”, vice-presidente da Federação, isso não basta. Seu desejo é tomar posse de todas as riquezas do país e seus olhos estão fixos na Amazônia. Ele elabora um ousado plano que unirá o poderio bélico, econômico e midiático da mega associação para desestabilizar o país em uma guerra civil, que resultaria em uma independência da Amazônia, tornando-a, assim, vulnerável ao controle total da Federação.

– General, compreendo seus escrúpulos, porém ponha na cabeça que vivemos uma época em que bombardear os outros é considerado um ato patriota, julgar os outros sem provas ou processo é mesmo aceito pela jurisprudência. Não é impossível para quem tem recursos. E nós temos recursos infinitos para levar a cabo os projetos que desejamos. (Pág. 15)

O Brasil não espera esse ataque, ninguém espera. Porém, na pequena São Bento da Ribanceira, cidade amazonense fictícia, ‘Deus”, sob as suas mais diferentes formas e em diferentes momentos, vai se comunicar com Antônia dos Anjos, uma jovem ribeirinha cuja missão será impedir a destruição da Amazônia.

Eu gostei muito de acompanhar a parte política de A Lucidez da Lenda, que mostra que aquele que tem dinheiro, tem poder e aquele que tem o poder, decide que história será contada como verdade. A estratégia criada por Gorila é muito bem articulada, pensada e sincronizada de tal modo que não deixa brecha para o inimigo. Nestes tempos de fake news, o uso dos meios de comunicação na trama me chamou muita atenção. Existe uma narrativa que nos é dada, mas ela não é a verdade, necessariamente.

Não seria a primeira vez que o ricaço tirava proveito das crises que ele próprio inventava. (Pág. 76)

Protagonista irreal

Infelizmente, o grande problema dessa história é sua protagonista. Antônia dos Anjos é uma heroína extremante idealizada. Adjetivos como “feições delicadas”, “olhos doces”, “sublime”, “virgem”, “donzela”, “humilde”, “santa”, “esbelta”, “santinha” e “bendita jovem” são recorrentes ao se falar dela. Não senti empatia com Antônia pois não a senti verdadeiramente humana, mesmo sua vontade de salvar os brasileiros não parecia genuína. Em vários momentos senti que ela preferia estar, inclusive, longe das pessoas. Antônia age enviada por um Deus que é todos os deuses ao mesmo tempo, que vem da floresta, apenas diante dele a senti vulnerável. Quando encontra os outros personagens há sempre um tom evangelizador em sua fala que distrai a atenção dos argumentos e soluções práticas que ela propõe. Essa superioridade de “ser iluminado” dela me incomodou bastante. Uma heroína irreal para problemas reais.

Os outros personagens são bem mais interessantes, como os próprios pais da moça. O índio Tapunuê, a jovem Bonnie, o repórter André Moura e o próprio presidente do Brasil, Rodolfo Belo, também são muito mais profundos. Eles são pessoas com dilemas morais.

Acho que faltou lapidar um pouco mais essa história. Ela é excessivamente descritiva em momentos desnecessários e corrida demais no final. Uma premissa incrível, um pano de fundo muito interessante e que ajuda a chamar atenção para a já massiva onipotência dos mercados e corporações sobre o destino de bilhões de pessoas em todo o planeta.

 Este livro foi enviado como cortesia pela Oasys Cultural.

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