O Gato leu: Clube da Luta

Clube da Luta – Chuck Palahniuk
Editora: Leya
Ano: 2012
Páginas: 270
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Diabolicamente bom, o livro de Chuck Palahniuk é bem escrito e sem papas na língua. Clube da Luta não tem enrolação e possui questionamentos sociais, antropológicos e filosóficos.

Na história, um jovem está frustrado e com uma insônia terrível. Ele passa suas noites em claro como um zumbi no seu apartamento, consumindo desenfreadamente tudo o que a mídia lhe oferece. Crê que a felicidade estar em ter tudo o que é “necessário”.

A propaganda faz essas pessoas irem atrás de carros e roupas de que elas não precisam. Gerações têm trabalhado em empregos que odeiam para poder comprar coisas que realmente não precisam. (Pág. 186)

Ele passa a frequentar grupos de apoio para pessoas com doenças terríveis e adquire identidades falsas em cada um deles. Nesses lugares, encontra o acolhimento e a possibilidade de extravasar suas dores. Depois de cada encontro, uma noite de sono tranquila é a recompensa.

Nesses grupos ele conhece Marla, uma mulher que assim como ele é “turista” naquele espaço. Sabendo que há outra mentirosa no local ele já não consegue mais chorar e, com isso, dormir.

Todo mundo trabalha duro o tempo todo. Este é o único lugar onde eu realmente relaxo e me entrego. Isto aqui são as minhas férias. (Pág. 18)

Em uma de suas viagens a trabalho ele conhece Tyler Durden, dono de uma fábrica artesanal de sabonetes. Quando seu apartamento explode misteriosamente, o jovem pede abrigo a Tyler que, numa noite de bebedeira, o convida para uma luta. Depois do estranhamento, os dois amigos saem no braço e encerram a noite gloriosamente.

Ficamos os dois ali parados, Tyler esfregando o pescoço e eu com uma mão no peito, e nós dois entendemos que chegamos a um lugar onde nunca estivemos e, como o gato e o rato dos desenhos, ainda estamos vivos e queremos ver até onde podemos ir com isso e ainda continuar vivos. (Pág. 62)

O rapaz decide então seguir o estilo de vida de Tyler e eles fundam o Clube da Luta para que outros caras possam participar. Daí em diante, percebemos que o Clube da Luta é apenas o começo de um projeto maior que, de diversas maneiras, sabota a logica social vigente e rompe com padrões. Os caras do clube da luta passam a seguir Tyler e a obedecer as suas ordens sem questionar, diferente do rapaz que sente que há algo cada vez mais fora do lugar.

 Queríamos detonar o mundo e deixá-lo livre da história. (pág. 155)

A partir dai tem inicio um jogo de vida ou morte, no qual veremos que é necessário chegar ao fundo do poço para que se possa enxergar com clareza. No final, uma reviravolta incrível, psicologicamente louca e, ainda assim, perfeitamente possível. Um discurso doentio e absurdamente incrível.

– Você justifica a anarquia – Tyler diz. – Você a compreende.

Do mesmo jeito que o clube da luta faz com escriturários e bilheteiros, o Projeto Desordem e Destruição quebrará a civilização para que possamos fazer do mundo um lugar melhor. (Pág. 155)

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