O Exorcista – William Peter Blatty
Editora: Agir
Ano: 2013
Páginas: 336
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O Exorcista, é um daqueles filmes que marcaram a minha infância e por isso escolhi a obra original para ler no tema de terror (outubro) do Desafio Doze Meses Literários. Lembro que a primeira vez que vi o longa foi exatamente a meia-noite. Todas as crianças da rua fizeram uma coleta para alugar a fita cassete (!!!), comprar pipoca e refrigerante. Dá para imaginar a gritaria e o terror da criançada?
Com mais idade segui revendo a história e me impressionando com cada detalhe que havia deixado passar antes. Assisti documentários e entrevistas sobre as filmagens e os atores. Até hoje, com todos os efeitos disponíveis, O Exorcista ainda consegue se manter impactante.
Inspirado por uma matéria de jornal sobre o exorcismo de um garoto de 14 anos, o escritor William Peter Blatty publicou, em 1971, a perturbadora história de Chris MacNeil, uma atriz e mãe que está filmando em Georgetown e sofre com as inesperadas mudanças de comportamento de sua filha de 11 anos, Regan.
Chris tem recursos e ama a filha mais do que tudo. Ela consulta diversos especialistas para descobrir o que há de errado com sua criança. Uma nova personalidade demoníaca parece vir à tona, se apossando de Regan e a deixando irreconhecível. Chris busca a ajuda da Igreja no que parece ser um raro caso de possessão demoníaca. Caberá a Damien Karras, um padre da universidade de Georgetown, tentar salvar a alma de Regan, enquanto tenta restabelecer sua própria fé, abalada desde a morte de sua mãe.
No quarto andar, procurou a chave no bolso e a enfiou na fechadura: 4C, o apartamento de sua mãe. Abriu a porta como se fosse uma ferida ainda não cicatrizada. (Pág. 56)
Blatty nos traz o demônio no corpo de uma criança, provocando em nós um misto de sentimentos como pena, raiva, medo, nojo e impotência.
Quando peguei o livro para ler, fiquei impressionada com a fidelidade, mas nem devia, afinal foi o próprio Peter que adaptou o roteiro para o cinema. Achei as primeiras cinqüenta paginas cansativas, pois elas são mais focadas na mãe e no seu trabalho como atriz. Os pensamentos de Chris no inicio do livro são bem óbvios e, muitas vezes, poderiam até ter sido suprimidos, pois acabaram deixando a personagem meio boba.
Ah, eu sei que você não acredita no mundo dos espíritos, Chris. Mas eu acredito. (Pág. 82)
O diretor de cinema Burke Dennings que já é insuportável e desprezível no filme tem mais espaço na obra original e isso me deixou um pouco desanimada. O inicio do livro tem muitos diálogos de Chris com ele, fora que suas atitudes repulsivas me fizeram lembrar as atuais denuncias de assedio em Hollywood, o que mostra que a realidade está até pior que a ficção.
A história começa a ganhar força quando entra em cena o Padre Karras, personagem mais complexo e interessante. Passado o início cansativo, o livro vai se tornando hipnotizante. Demônios, psicologia, amor, perda da fé e solidão são alguns dos temas de destaque durante a trama. Vemos a evolução da possessão de Regan e como isso afeta todos a sua volta. Ninguém é uma ilha, o sofrimento é algo compartilhado.
Retraindo-se, Karras olhou para ela, a cabeça baixa e e indefesa. Desejou poder segurar a sua mão e dizer que tudo ficaria bem. Mas não podia. Não acreditava que as coisas ficariam bem. (Pág. 238)
Saber a história de vida do Padre Karras, algo que vemos pouco no filme, foi uma das melhores novidades para mim. Seus traumas, dores, perdas e ambições o levaram exatamente aonde ele se encontra. Quando conhecemos isso é muito mais fácil enxergar a situação pela sua perspectiva.
Vale muito a pena conferir!
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