Miguel e os Demônios – Lourenço Mutarelli
Editora: Companhia das Letras
Ano: 2009
Páginas: 120
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Um livro insano e completamente imprevisível. Como não amar? Entender, eu não sei se entendi, mas depois da leitura de Miguel e os Demônios eu sinto como se tivesse sido atropelada.
Já conhecia a fama do Mutarelli, mas nunca tinha lido nada dele, o máximo de seu trabalho que vi foi a sua atuação no filme “Que horas ela volta?”. Em Miguel e os Demônios ele criou uma aventura na maior cidade do Brasil, São Paulo.
É Natal, é calor, é sufocante. Miguel, protagonista da trama, é um policial com diversas angústias e que relembra os erros do passado. É separado, não pode ver o filho, mora com o pai aposentado e tem uma namorada tão complicada quanto ele. Isso tudo é um pouco da cotidiana morte lenta e dolorosa que ocorre com todos nós.
Miguel quer beijar o pai. Quer dizer tantas coisas. Miguel luta contra as seus sentimentos. Como uma mosca contra o para-brisa. (Pág. 08)
Silêncio, mágoa e frustração. Falta de dinheiro, falta de vontade, falta de esperança, falta de expectativa. Tudo acomete Miguel, mas a sua história pode mudar se ele aceitar um serviço extra oferecido pelo parceiro. Um serviço que pode lhe salvar a pele e condenar sua alma.
O humor afiado torna divertido este livro assustador, com prosa rápida e diálogos minimalistas. Nele, a palavra e a imagem tem o mesmo poder. Uma narrativa que mais se assemelha a um roteiro cinematográfico, ágil e que nos fisga de primeira para uma história que vai ficando cada vez mais absurda.
– Como vai o senhor?
O velho ergue a sobrancelha como se dissesse:
Eu nunca estive tão fodido em toda a minha vida.
– E você? – pergunta a Miguel.
Miguel ergue a sobrancelha como se repetisse as palavras. (Pág. 110)
Dinheiro, sexo, família, vida, morte, religião, bem e mal estão presentes nesta obra que nos mostra que os demônios de Miguel também se assemelham aos nossos.
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