O Planeta dos Macacos – Pierre Boulle
Editora: Aleph
Ano: 2015
Páginas: 216
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Parece que o jogo virou não é mesmo?
Nunca essa frase fez tanto sentido quanto neste livro.
Na trama, em um futuro não muito distante, três astronautas pousam em um planeta bastante parecido com a Terra. Ele é repleto de florestas, com um clima ameno e ar perfeitamente respirável. Mas esse lugar, que indicava ser um paraíso desconhecido, não é o que parece. Em pouco tempo, os desbravadores descobrem uma terrível verdade, nesse mundo, os seus pares humanos não passam de bestas selvagens a serviço da espécie dominante… os macacos.
Essa é uma história que me marcou muito quando vi o filme ainda criança e fiquei com um medo de macacos que dura até hoje. Mas já adulta percebi que o medo na verdade é do ser humano, pois é assim que os macacos agem neste livro, como nós humanos, com toda a nossa suposta superioridade ante as outras espécies.
No planeta Soror, a realidade parecia completamente ao avesso: estavamos às voltas com habitantes semelhantes à nós do ponto de vista físico, mas que pareciam completamente destituidos de razão. (Pág. 36)
O jornalista francês Ulysse Mérou é o tripulante que narra esse jeito único de nos enxergarmos no espelho e nos depararmos com as nossas falhas. Preconceito, machismo, estrutura de classes e desrespeito à vida são apenas algumas das características tão humanas que vemos nestes macacos.
Pode parecer absurdo, mas o quão absurdo não é usar outras espécies como cobaias? Ou achar que aquele colega de trabalho é inferior a você?
O Planeta dos Macacos é uma autocrítica mais do que necessária. A obra de Pierre Boulle foi publicada pela primeira vez em 1963 e ainda está tão atual. Considerado um clássico da ficção cientifica, creio que em virtude da escrita do autor ser simples e muito acessível, ele é capaz de conseguir atingir até os leitores que não estejam familiarizados com esse estilo literário. É uma grande abordagem social.
– Suponho – disse ela rindo – que os homens da Terra não estejam acostumados a ser mantidos assim na coleira e puxados por um macaco…(Pág. 93)
É engraçado que, a medida que eu lia o livro, achava a primeira parte dele meio desconexa do resto da história, mas quando cheguei no final ela se amarrou de uma maneira magnifica e eu não pude deixar de sentir um nó no estômago ao imaginar este como o futuro da raça humana.
Essa edição da Aleph está belíssima e é feita no estilo de um caderno, como se parecesse um diário de anotações de um cientista. Os extras como uma entrevista com o autor sobre a série de filmes; um ensaio jornalístico contando um pouco mais sobre o passado de Boulle e os comentários de Braulio Tavares sobre a história da ficção cientifica francesa tornam esta uma edição completa e questionadora.
Vale muito a pena conferir!
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