Pretérito Mais Que Perfeito – Otoniel Oliveira
Editora: Independente
Ano: 2015
Páginas: 72
Eu já tinha ouvido várias falas do Otoniel Oliveira e dos outros artistas sobre o projeto desta graphic novel e meio que na minha cabeça eu sentia que já sabia tudo sobre ela antes mesmo de ler. Eu não podia estar mais enganada.
Pretérito Mais Que Perfeito é um quadrinho ousado, poético e necessário. Ele fala sobre a Belém do século XX, um pouco antes e um pouco depois deste também. São histórias que se passam em diferentes anos e épocas, mas sempre com a mesma testemunha: um banco da Praça da Republica em Belém.
Este banco é o ponto em que vemos diferentes personagens com diversos objetivos em suas vidas. Liberdade, amor, arte, politica e amizade são apenas alguns destes.
Cada conto representa um ano que foi marcante na história de Belém e na história do Brasil também, uma vez que os acontecimentos de um lugar influenciam muitas vezes no outro. Vemos uma Belém escravocrata, uma parisiense, outra militante, outra festiva, outra melancólica e por ai vai. Todas interligadas. Os contos são de apenas duas páginas e podem ser lidos de maneira independente, mas se a leitura for feita de maneira linear veremos um retrato da história recente do país, mas com a diferença de ser localizado em Belém do Pará, ao Norte dos grandes centros de hoje em dia.
Um passado. Um futuro. Uma luta constante no eterno presente.
A Belém de Pretérito Mais Que Perfeito não é a mais bonita ou idealizada como a de muitos. A Belém deste quadrinho, desta história desenhada a muitas mãos, é a Belém de todos os dias. A cidade que amamos mas que muitas vezes nos machuca. A HQ mostra um passado que não podemos ignorar e um futuro que pode não ser bem o que imaginamos.
Este é o tipo de história que deveria estar nas bibliotecas das escolas públicas e ser sempre apresentado aos jovens leitores, principalmente aos desta terra, que já nascem com os olhos no horizonte sem antes mesmo ter visto o que está enterrado debaixo dos seus pés.
Há de se destacar também o protagonismo feminino evidente, ainda as tramas sejam vividas por homens e mulheres, é destas que vem a força e a vitalidade que liga as narrativas.
O livro foi publicado via Catarse, totalmente a partir de financiamento coletivo (a primeira HQ paraense produzida desta forma). Ele conta com o roteiro de Otoniel Oliveira e Petrônio Medeiros. As artes ficam por conta de Otoniel Oliveira, Andrei Miralha, Carlos Paul, Diogo Lima, Rafa Marc, Volney Nazareno, Emmanuel Thomaz, Adriana Abreu, Dorival Moraes e Rosiani Olívia.
Outro destaque é a trilha sonora original do projeto, pensada para a imersão na leitura da obra. Ela foi composta e arranjada originalmente pelo multi-instrumentista Leonardo Venturieri e pode ser acessada com o QR Code no inicio de cada trama.
Vale muito a pena conferir!
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Eu tô louco pra ler este, a arte é maravilhosa. Fora que o Otoniel ainda faz uma caricatura nossa no autógrafo =D
É o tipo de livro que conta a nossa história sem deixar tudo bonitinho e ocultar as coisas de ruim que aconteceram e ainda aocntecem.
É um olhar sobre esse passado pensando no futuro.
Adoro o trabalho do Otoniel 🙂