“A felicidade exige valentia” — Fernando Pessoa
Ahhh e como exige valentia, mesmo que seja para ir embora.
E não, eu não tenho poderes especiais. Eu acho que sou só uma pessoa desapegada mesmo. Na verdade nem é só isso, eu sou uma pessoa que ainda não se sente plenamente feliz. Sei que a felicidade plena é a coisa mais díficil de se alcançar e quando alcançamos muitas vezes nem nos damos conta disso, mas eu ainda me sinto estranha.
Eu tenho o hábito de desaparecer. Não só de relacionamentos amorosos mas, inclusive, de amizades.
Aquele amigo que eu via todo dia, aquela melhor amiga do colégio, aquela pessoa com a qual eu ficava horas falando ao telefone, elas vão, aos poucos, notando a minha ausência.
É muito dificil para uma pessoa “normal” entender alguem assim como eu, às vezes eu nem me entendo. Sei que a minha confusão e inquietude em relação a mim mesma contribui para isso. Eu sempre me questiono se é realmente isso que eu quero e se me faz feliz.
Se não for bom pra mim, vou embora. E não tem dor, não tem drama, não tem sofrimento. Pelo menos para mim, pois essa é a hora em que finalmente tenho certeza de algo e isso torna tudo tão mais fácil.
Não que as pessoas deixem de ser importantes na minha vida, ou eu fique com raiva delas. Elas me perguntam se me ofenderam de alguma forma. Jamais, gente, jamais.
Só parece que tudo virou uma comida dessas incrívelmente saudáveis e absolutamente sem gosto algum. É bom para você mas não te dá prazer algum.
Pareço egoista, né? Com toda a certeza.
Mas é egoismo querer a nossa própria felicidade? Não. Nínguém deve se sentir aprisionado e se sentir assim deve ter a oportunidade de ir embora, nem que se seja numa saída à francesa.
Sem ninguem notar. Sem ninguém chorar.