07 de junho. Em 2015 a Parada Gay estava acontecendo em São Paulo e nessa mesma data, em 1954, Alan Turing se suicidou. Em 07 de junho, eu assisti O Jogo da Imitação (The Imitation Game, 2014).
Na cinebiografia do matemático Alan Turing (Benedict Cumberbatch), descobrimos o quanto seus conhecimentos em matemática e lógica foram importantes durante a Segunda Guerra Mundial.
Os alemães utilizavam a famosa máquina Enigma para enviar suas comunicações. A Enigma criptografava as mensagens e tornava impossível para que os Aliados ou quaisquer outros a desvendassem. Turing imaginava que somente uma máquina seria capaz de descobrir os códigos de outra, e essa máquina faria os cálculos e trabalharia com todas as probabilidades de resultados muito mais rápido que qualquer homem. Era o inicio da computação como conhecemos hoje.
Turing e um grupo de outros gênios trabalharam para decifrar os códigos, e ao conseguirem, encurtaram a guerra em anos e salvaram milhares de vidas.
Conhecemos um pouco da infância do matemático quando ele ainda estudava em um colégio só para rapazes. Solitário, gênio e silencioso, Turing era homossexual e vivia em uma época em que isso era ilegal. Além desse debate, O Jogo da Imitação traz a tona outros conflitos como o que viveu Joan Clarke (Keira Knightley), que também foi alvo de preconceito, por trabalhar com a ciência e ser mulher, quando, o “correto” era que as mulheres tinham que se conformar com empregos sempre subordinados aos homens, como os de telefonista e secretaria.
Turing foi perseguido e condenado. O homem que salvou a vida de muitos se matou.
O Jogo da Imitação é um filme belíssimo e comovente, que dá vontade de chorar de tanta revolta. Um herói da ciência e da guerra foi condenado à morte.
O lado mais particular de um individuo se torna público e todos acham que isso lhes dá o direito de interferir. É incrível o quão danoso é julgar uma pessoa apenas por um aspecto da vida dela, justamente o aspecto menos relevante à situação.
O filme, dirigido por Morten Tyldum, é uma adaptação da biografia “Alan Turing: The enigma”, de Andrew Hodges.
O Jogo da Imitação é um filme necessário, ainda mais nesses tempos de discursos preconceituosos.
Vale muito a pena assistir.