Cartas de amor aos Mortos – Ava Dellaira
Editora: Seguinte
Ano: 2014
Páginas: 344
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Recebi o livro Cartas de amor aos Mortos como um presente da querida Thaís Andrade, que me mandou uma carta muito delicada dizendo o quanto essa história era emocionante e devia ser conhecida. Ela estava certíssima.
No livro, conhecemos a história de Laurel, uma garota que está começando o ensino médio em uma escola totalmente nova e com a família despedaçada após a morte da sua irmã. Laurel não quer que ninguém saiba de sua perda, não quer que ninguém sinta pena dela, mas isso a afeta de maneira muito forte.
Cada um de nós era uma ilha – meu pai na casa, minha mãe no apartamento para onde ela tinha se mudado alguns anos antes, e eu indo de um lado para o outro em silêncio, fora de órbita, incapaz de suportar os últimos meses do fundamental. (Pág. 12)
Ela tem dificuldades de se relacionar, pois não acredita que é tão incrível ou legal quanto a sua falecida irmã era.
Certo dia, sua professora passa uma tarefa para casa: escrever uma carta para alguém que já morreu. Laurel começa a escrever para seus ídolos como Kurt Cobain, Amy Winehouse e Elizabeth Bishop…
Tem coisas que não posso contar para ninguém além das pessoas que já não estão mais aqui. (Pág. 11)
Escrever para superar a dor
Em cada carta conhecemos um pouco de cada ídolo, como Laurel conheceu eles e a história dela. Acompanhamos sua rotina na escola, novas amizades e relacionamentos. Vemos a idolatria que ela tinha por May, sua irmã. Laurel achava que para ser aceita teria que se parecer com May, a garota que todos amavam.
Foi como se alguém tivesse acendido fogos de artificio no meu peito. Eu podia sentir as faíscas brilhantes e quentes subindo. Ele me achava parecida com May. (Pág.87)
Conforme o tempo passa Laurel vai percebendo quem sua irmã era de verdade, mesmo que esse fato estivesse na sua frente o tempo todo. Ela lida com a decepção, a culpa, a família aos pedaços e as amizades verdadeiras ainda que confusas.
Uma história de autodescoberta e de autoaceitação
Isso não se aplica só Laurel, mas a todos os que a rodeiam. A sensibilidade de como a trama é narrada é incrível. Conseguimos enxergar os diversos ângulos da situação e refletir sobre os problemas de todos e os nossos também.
Ela fez as próprias escolhas. Você precisa se cuidar. É a melhor coisa que pode fazer por ela. É o que May ia querer de você. (Pág. 270)
Tem aquela dualidade tão comum de estar triste, querer desabafar e, ao mesmo tempo, não desejar que ninguém conheça a sua dor. Laurel encontrou nessas cartas a sua voz.
O final é surpreendente e emocionante. Gostei muito de ler Cartas de amor aos Mortos e acho que ele é indicado para todas as pessoas, não só para aquelas que estão lidando com o luto, mas para todas que sabem como amar alguém é importante.
Vale muito a pena conferir! 🙂
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2 thoughts on “O Gato leu: Cartas de amor aos Mortos”