O Gato leu: O gato na árvore

O gato na árvore – Marco Antonio Martire
Editora: Moinhos
Ano: 2018
Páginas: 128
Compre: Amazon

Quem acompanha o blog há algum tempo sabe que as crônicas são comuns por aqui. Volta e meia elas aparecem como tentativas de organizar meus pensamentos e sentimentos. Tento olhar com atenção algo e, ao fazer isso, descobrir como lidar com a vida e suas adversidades.

É engraçado porque normalmente as crônicas eu escrevo para mim mesma, como para que expurgar toda uma confusão interior, mas elas acabam alcançando outras pessoas pela internet afora. Algo intimo se torna universal e recebo mensagens dizendo o quanto que meus textos ajudaram pessoas em momentos difíceis.

Para mim, a crônica vem muito da dor. A partir dela tento ter um olhar apaixonado para algo, mirar em alguma coisa que possa me tirar do fundo do poço de pensamentos na minha cabeça. Assim, eu sempre encontro na crônica alguma mágoa daquele que a escreveu. Por mais feliz e sonhadora que ela seja, sempre está lá a lembrança dos dias ruins, do isolamento e da rejeição.

E fico feliz porque não existe gênero melhor do que a crônica para transformar o que é peso demasiado em leveza, o que é rígido além da conta em superfície flexível… (Pág. 40)

Toda essa minha reflexão sobre o gênero se deu a partir da leitura d’ O gato na árvore, livro do escritor Marco Antonio Martire e que contém uma seleção de crônicas publicadas na revista eletrônica RUBEM. Nele, o autor passeia pelos mais diversos assuntos, filosofia, amor, redes sociais, trabalho, amizade e alegria. Humor, ironia e reflexões estão presentes na obra que se mostra muito atual e conectada com os temas de destaque no noticiário e na internet, além de filmes, livros e outros tantos produtos culturais.

Pois é, sou assim, pego carinho por coisas que não tem alma. (Pág. 52)

As crônicas que mais gostei foram: A memória a quilo; O canalha fundamental; Bem-estar geral; O início, o fim, eu no meio; O homem-duplo; Whatsapp; Permissão de localização ativada; Saudade de uma pelada; Quinze minutos; O paradoxo do antropoceno e outros papos de bar; Palmas para a civilização; Sem calças; Eu nomeio, tu nomeias, ele nomeia; Para sempre e Tantos assuntos.

A ideia da crônica é evidenciar o que passa desapercebido no nosso cotidiano. Como alguém sentado em uma mesa de bar que observa o que está a sua volta. É preciso ter a sensibilidade e desgrudar um pouco os olhos da tela do celular para se deixar tocar pelo entorno.

Estamos ligados em tudo, mas envolvidos com profundamente em quase nada. Caí nessa sarjeta agora, sou um cronista paralisado pelos múltiplos estímulos. (Pág. 122)

Marco Antonio Martire nos convida a ter um olhar mais demorado no banal. Às vezes pensamos tanto no que queremos para o futuro que deixamos de prestar atenção no presente. O gato na árvore é um livro rápido de se ler e a escrita do autor é bem convidativa. Apesar disso, minha dica é não devorá-lo de uma vez. Deixe ele por perto e leia uma crônica por dia. Vá com calma e aproveite o caminho.

Este livro foi enviado como cortesia pela Oasys Cultural.

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