O Gato viu: Okja

“Se você escolhe comer carne, você ama pets, não animais”. Miley Cyrus falou isso recentemente e eu tenho que concordar com o pensamento dela. É importante nos avaliarmos e questionar se nossas palavras e ações estão indo para o mesmo lado. Já faz um tempo que estou tentando mudar minha alimentação e parar de comer carne é o maior desafio.

Recentemente vi Okja, a produção da Netfix, dirigida por Bong Joon-ho, na qual Lucy Mirando (Tilda Swinton), CEO de uma poderosa empresa, apresenta ao mundo que uma nova espécie animal descoberta no Chile. 26 exemplares do “super porco” serão enviados para países distintos, para que cada fazenda o crie de acordo com sua própria cultura local. A ideia é que os animais permaneçam espalhados ao redor do planeta por 10 anos. Após este período, um concurso que escolherá o melhor. Uma década depois, a jovem Mija (Seo-Hyun Ahn) que convive desde a infância com Okja, o super porco fêmea criado pelo avô, está prestes a perdê-la devido ao fim do concurso. Mija decide lutar para ficar ao lado dela, custe o que custar. No caminho ela vai conhecer de perto os problemas da sociedade de consumo.

Além de mostrar como que funciona a indústria nesse setor, Okja ainda apresenta a ação das entidades de proteção aos animais. O ator Paul Dano merece destaque nesse parte. As atuações caricatas de Jake Gyllenhaal (o rosto da companhia) e Tilda até nos fazem rir durante o longa, mas não se engane, você vai terminar chorando e com o coração apertado.

Sem spoilers, só posso dizer que o final não podia ser mais verdadeiro. Apesar de tem algumas falhas no roteiro, que fazem com que a narrativa fique confusa em alguns momentos, Okja é incrível. É a metáfora do que acontece diariamente em matadouros pelo mundo afora, nas grandes indústrias que são movidas apenas pelo desejo de lucrar.

Um tema da moda provoca mudança cultural?

Ainda há a crítica ao uso desmedido de termos como orgânico e eco-friendy, que muitos se apropriam no marketing para vender uma boa imagem e que nós não pensamos duas vezes em consumir. Ainda há a questão da fome no planeta e o seu combate, tudo sempre incorporado ao discurso do capital. Saí dessa imersão com o pensamento de “o que eu estou fazendo?”. Tanto como uma consumidora quanto uma profissional de comunicação. Que discursos compramos? Que camisas vestimos? Okja é um filme para se pensar, e muito.

Não é uma história que te intima a virar vegetariano e/ou ambientalista radical. Ela só te pede para não ignorar a realidade de que a comida que chega ao seu prato tem muita história para contar e, na maioria das vezes, ela não é boa. Não vou dizer que o filme mudou a minha vida e que no dia seguinte não almocei carne. Eu até repeti! Alimentação também é algo cultural e isso não muda do dia para a noite, mas o incomodo permanece em mim e isso eu acredito que seja o potencial de mudança que o filme traz.

Para quem quiser se aprofundar no assunto da indústria da pecuária, a Paula Buzzo recomendou alguns documentários no canal dela. São imagens fortes, mas acima de tudo, são imagens reais.

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