O Gato leu: A Menina Submersa: Memórias

A Menina Submersa: Memórias – Caitlín R. Kiernan
Editora: DarkSide
Ano: 2015
Páginas: 320
Compre: Amazon

Eu não sei nem por onde começar a fazer essa resenha. Então, antes que eu comece a falar e não consiga dar conta do meu sentimento em relação à esse livro e me confunda com as palavras, saibam de algo: ele é fascinante e perturbador.

Se alguém pudesse me salvar, teria sido você. (Pág. 15)

A menina submersa - resenha - gatoqueflutua - blog - Foto - Debb Cabral
Foto: Debb Cabral/GatoQueFlutua ©

Peguei a A Menina Submersa: Memórias como leitura para o PA Book Club temático LGBTQIA+ e já sabia que “ele não era uma leitura fácil”, “a narradora não é confiável” e outras coisas. Devidamente avisada, o livro me chamou atenção logo na primeira página ao falar da morte da mãe e da avó de Imp, nossa protagonista.

India Morgan Phelps, a Imp, sofre de esquizofrenia. Sua mãe e sua avó também eram como ela. Carregando todas as expectativas de uma vida com esse histórico medico e familiar, Imp é uma garota de vinte e poucos anos aparentemente normal. Ela trabalha, mora sozinha e toma os remédios que a sua psiquiatra lhe receita nas consultas.

A normalidade é um comprimido amargo do qual reclamamos. (Pág. 72)

Certa noite, dirigindo sozinha enquanto sua namorada ficou em casa, Imp encontra uma mulher nua parada ao lado da rodovia. Sem saber o que fazer, Imp a leva para sua casa. Essa mulher misteriosa é Eva Canning e ela diz coisas sem sentido, mas também diz coisas sobre a protagonista.

A menina submersa - resenha - gatoqueflutua - blog - Foto - Debb Cabral
Foto: Debb Cabral/GatoQueFlutua ©

Eva se vai, mas Imp ainda terá que lidar com ela de outras formas. Quem será essa mulher? Tentando organizar as suas memórias e dar algum sentido nisso tudo, a garota começa a escrever o que se lembra, mas isso não é uma tarefa fácil.

A esquizofrenia faz com que nem sempre a narrativa seja linear. É difícil tentar acompanhar o raciocínio de Imp, que muitas vezes divaga, mas é a experiência de estar dentro da mente confusa dela que torna tudo mais fantástico.

– Você me machucou – digo. – Você colocou palavras em minha mente e eu quase morri para tirá-las de novo. (Pág. 272)

Os fantasmas dá história de Imp seriam verdadeiros ou não? Esses fantasmas são apenas aqueles relacionados ao seu passado ou haveria algo mais? Essas duvidas nos acompanham até os momentos finais do livro. Não temos certeza de nada e começamos a questionar nossa interpretação, tal qual a obsessiva Imp.

A Menina Submersa: Memórias é um livro dentro de um livro. Tentar falar mais que isso da história é correr o risco de dar algum spoiler.

A autora, Caitlín, é muito feliz ao inserir diversas referências culturais ao longo da trama. Eu terminei o livro com vontade de ler Moby Dick, Chapeuzinho Vermelho, Lovecraft, Odisseia, entre outros, fora os quadros, musicas, contos, mitos, poesias e artistas mencionados. Eu parei várias vezes para pesquisar coisas citadas na internet e me surpreendi com histórias como a da L’Inconnue de la Seine, Aokigahara e dos artistas Philip George SaltonstallAlbert Perrault.

Fecunda ratis, de Albert Perrault
Fecunda ratis, de Albert Perrault

Fiquei fascinada e acho que cada vez que ler esse livro será uma outra primeira vez. É aterrorizante e surreal. Uma confusão de sentimentos vindos dessa perturbadora leitura.

Leiam, leiam mesmo. É incrível.

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