As janelas argentinas

Faz um tempo que o GatoQueFlutua não publica nada novo. O TCC tem me consumido, mas como hoje sobrou um tempinho tem post novo! Hoje tem um misto cultural: arquitetura, fotografia e cinema.

Fotos: Debb Cabral

Na Argentina, Medianeras (ou pared medianera) é nome dado àquelas paredes sem janelas dos prédios. Lá a construção de janelas em paredes medianeras é proibida por lei o que, em uma cidade que cresceu sem planejamento como Buenos Aires, gera alguns transtornos.

A arquitetura antiga fica ao lado dos edifícios modernos. Lá há bairros tradicionais da aristocracia portenha, como Recoleta com suas mansões e prédios de arquitetura francesa e mármore italiano. Porém, não muito distante dali, na Plaza Cataluña, há um prédio que parece comum, mas tem metade de sua fachada pintada com janelas falsas, idênticas às de verdade.

Parece que muitos edifícios são projetados para evitar as relações humanas, em uma capital que cresceu se “desenvolveu” criando espaços  isoladores. A cidade cresceu enquanto as pessoas diminuíram.

Não se pode abrir uma janela virada para a casa do vizinho. Mas muitos fazem isso em busca de luz, de sol, de transformação. O GatoQueFlutua destaca para você dois filmes em que a abertura de medianeras acontece e causa impactos na vida das pessoas.

Medianeras

Na história, Martin (Javier Drolas) é um fóbico em processo de recuperação, ele está sozinho e não se conforma com a forma como a cidade de Buenos Aires cresceu e foi construída. Ele é um web designer que pouco sai e fica grande parte do tempo no computador. Mariana (Pilar López de Ayala), sua vizinha também é solitária, pois acabou de terminar depois de um longo relacionamento.

Através da internet eles se conhecem, mas mesmo vivendo no mesmo quarteirão, andando pelos mesmos lugares, eles não chegam a se encontrar. Os personagens tentam se libertar das amarras da solidão que a cultura virtual e a arquitetura de Buenos Aires acarretaram para portenhos que vivem sozinhos.

Medianeras: Buenos Aires da Era do Amor Virtual (título no Brasil) foi filmado na Argentina e Espanha. As irregularidades arquitetônicas representam a situação dos personagens. As medianeras no filme mostram  estado mais miserável de um povo, refletem as rachaduras, as soluções temporárias e as irregularidades ainda que seja para que milagrosos raios de luz iluminem a escuridão em que se vive. Na história, Mariana, que se formou em arquitetura conta um pouco sobre a cidade de Buenos Aires.

O Homem ao Lado

Victor (Daniel Aráoz), morador vizinho de uma casa construída pelo notório arquiteto Le Corbusier (a única residência da America Latina) resolve quebrar a parede para abrir uma janela virada para a casa/museu do designer Leonardo (Rafael Spregelburd), um exibicionista que habita o local cheio de vidros e rampas internas.

Com a janela, o vizinho passa a enxergar boa parte do interior da casa de Leonardo, o que não o agrada nem uma pouco, nem a ele e nem a sua mulher, Ana (Eugenia Alonso). Durante o filme inteiro o espectador fica aflito e nervoso, pois Victor é vulgar e malandro, enquanto Leonardo é um artista esnobe, e aí a tensão cresce a cada cena. Além disso, diversas histórias paralelas se estendem ao longo da narrativa, que deságua em um final surpreendente.

Para terminar, o GatoQueFlutua apresenta um ensaio com fotos produzidas em 2012, durante uma viagem até Buenos Aires para participar do Festival de la Luz de Fotografia. Espero que curtam! 🙂

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